NA CASA
DO CINEMA
BRASILEIRO.

O ano de 2023 mal começou e um ato contra a democracia parou o país. A partir de lentes e olhares, o Brasil testemunhou cenas fortes em tempo real, cenas que tiraram o fôlego de quem mal voltava a respirar e ainda acreditava na reconstrução. Foi uma tentativa de calar a democracia, mas ao contrário do que um grupo desejou, estamos aqui durante um ano de grandes feitos e da retomada do diálogo no Brasil. O 56o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, um dos principais festivais do país, acontece esse ano em dezembro, e retoma sua natureza, o seu DNA do encontro e do diálogo, espaço criativo onde o cinema naturalmente acaba por unir seus ‘atores’, seus trabalhadores e seu público. A tradição do festival se faz presente nessa edição, porque o FBCB desde seu nascedouro é uma grande ágora: lugar de debater, criar e cocriar, de ver e de se encontrar.

O momento é de comemoração pois batemos o recorde de inscrições no ano de 2023. Diante disso, nossas comissões não só aceitaram o desafio como também garimparam entre os 1269 curtas e longas inscritos, aqueles que durante a semana do festival vão estar não só concorrendo aos prêmios que chancelam a trajetória de um filme para sempre, mas também refletindo a diversidade produtiva do cinema do país. Às comissões de seleção que trabalharam em tempo recorde, e a todos os trabalhadores envolvidos na produção do festival, gratidão pela dedicação plena e intensa para que o evento acontecesse ainda em 2023, sem deixar lacunas no circuito de festivais brasileiros.

O maior desafio, sem dúvida, foi o de trazer para Brasília neste ano, obras que se comunicam com cada um que senta na poltrona dos cinemas e aguarda algo de novo, sensações que somente o cinema promove de viajar e mergulhar em realidades em tempo real e em conjunto. Salientamos que nosso recorte do ano, primou em não privilegiar somente um tipo de cinema, já que histórias podem ser contadas de diversas formas, sobretudo quando buscamos pluralidade e diversidade de gênero, raça, descentralização de pensamentos na representatividade. Esse ano o festival chega em dezembro, despedindo-se do ano de 2023 com uma grande celebração, uma oportunidade de refletir, provocar e acima de tudo, de apurar o nosso olhar. Nesse contexto, também vislumbrar novas visões, formas e formatos dos veteranos, dos estabelecidos, mas também daqueles que estão chegando.

Pelo olhar dos nossos curadores, trabalhou-se a urgência de trazer para as telas temas caros à sociedade brasileira, no intuito de ampliar horizontes do público, incluir e unificar a partir das obras. As comissões buscaram nos filmes, assim como buscamos na escolha de cada integrante das bancas, a diversidade: somos pardos, negros, indígenas, brancos, LGBTS. Somos de diversas regiões, do campo e das cidades. O resultado foram filmes que representam justamente as diferenças e os olhares destinados às mostras competitivas e paralelas. Produções inéditas, filmes de Brasília, Coproduções, Mostra Outros Olhares, cinema infantil, ambiente de ambiente de mercado e atividades formativas compõem a grande festa do cinema brasileiro.

É preciso dizer que mesmo diante de um recorte diverso, sabemos que há ainda um caminho árduo de inclusão e políticas públicas que pensem também e tragam possibilidades de fomento para todos os brasileiros. As obras encontram na tela do Cine Brasília e nos Complexos Culturais de Planaltina e Samambaia, seu lugar. Busca seu público considerado, um dos mais críticos do país, que entre vaias e aplausos, alavancam produções que nunca mais passarão despercebidas depois desse encontro. Escolham os seus filmes, garantam a poltrona e preparam-se para uma maratona de imersão na sétima arte.

Desliguem seus celulares e bom festival!

Anna Karina de Carvalho
Diretora Artística

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